04 agosto 2004

Agosto

Agosto é o mês de férias por excelência. De férias e não só. Há muitas outras coisas associadas, quase em exclusivo, a este mês.

Agosto é o mês dos festivais de verão. Sudoeste, Paredes de Coura, Carviçais e festival Tejo (Cartaxo) são presença habitual e obrigatória na agenda deste mês. Também importa as inúmeras festas de espuma, festas temáticas e afins, que as discotecas, de norte a sul do país, promovem nesta altura do ano.

No âmbito desta temática, perdoem-me por não referir as incontáveis, intragáveis, execráveis, insuportáveis e abomináveis (e outros “áveis” mais que agora não me ocorrem) festas da santa terrinha, minadas e recheadas com tudo que é artista pimba. Considero-as as ervas daninhas dos festivais de verão, pelo que, na minha opinião, deveriam ser exterminadas.

Agosto é o mês em que os nossos emigrantes regressam para matar saudades. É vê-los a chegar de avião, de comboio ou de carro, com aquele sorriso de orelha a orelha e aquela lágrima ao canto do olho que não se consegue conter, porque a emoção de regressar à terra natal não o permite.

Também aqui poderia facilmente fazer uma associação de ideias com a música pimba, mas prefiro debruçar-me sobre o folclore de alguns emigras, que aproveitam este regresso temporário às origens para se gabarem e vangloriarem da rica vida que levam lá fora, exibindo o bruto carrão e os quilos de ouro que carregam ao pescoço. É pena que, na esmagadora maioria desses alguns, não passe disso mesmo: folclore. Nunca suportei malta com a mania das grandezas.

Agosto é o mês das campanhas e das promoções das operadoras de telemóvel. É ver e ouvir a publicidade da Vodafone a anunciar que tudo que se gaste em chamadas para a rede Vodafone durante o mês de Agosto, será devolvido em setembro, ou a campanha da Optimus que permite aos seus clientes que falem a 1 cêntimo por minuto entre Optimus, a partir do primeiro minuto.

Neste ponto, permitam-me apenas uma pergunta bastante simples: mas porque raio é que a TMN não faz campanhas assim? Para que é que me interessa a campanha dos MMS à borla até ao final de Agosto, se o meu telemóvel não é desses? Sinto-me discriminado.

Agosto é o mês das enchentes no Algarve e das habituais queixas de crise por parte dos operadores turísticos. Por um lado é ver as praias, esplanadas, bares e discotecas completamente a abarrotar de gente e, por outro, é ouvir os responsáveis pelo turismo da região a queixarem-se de quebras nas reservas, que a capacidade hoteleira está apenas a 80% e que os turistas estão a gastar pouco dinheiro.

Por mais que tente, por mais que me esforce, não consigo perceber qual é o encanto do Algarve em pleno Agosto. Mares de gente por todo o lado, apertos, trânsito, confusão, barulho e afins. Que raio de descanso é este? Não admira que ouça muita a gente a dizer que precisa de férias das férias.

Para além disso, não nos podemos esquecer que o Algarve é caro. É estúpida e abusivamente caro e, no Algarve, somos portugueses pelo que não somos tratados como turistas. Mais vale investir numa ida até ao sul de Espanha.

Agosto é o mês em que começa mais um campeonato de futebol. Ano após ano, os amantes do futebol esperam ansiosamente por isto, fartos que estão de não poderem dissertar durante a semana, as incidências, resultados e casos da jornada do fim de semana anterior.
Também estou nessa onda. Estes jogos de preparação não dão pica. A malta quer é os jogos a sério, para começar a cortar na casaca deste ou daquele jogador, dizer mal das tácticas do mister, refilar com o golo mal anulado ou o pénalti que o árbitro não marcou, e outras coisas desse género.

Este ano, o meu Agosto vai ser muito diferente do Agosto anterior. Se tudo correr bem, vou estar de férias duas semanas, a partir de dia 16, mas não vou de férias.
Pode ser que vá ao Porto, visitar a minha família e alguns amigos que por lá tenho, pode ser que vá até Serpa visitar amigos como pode também acontecer que, pura e simplesmente, fique por casa.

Se no ano passado as minhas férias foram um sossego, este ano vão ser um desassossego. O clima de incerteza e instabilidade laboral a isso me obriga. Ando preocupado, ansioso, agitado, desanimado com a indefinição da minha situação, algo que já se vê no tamanho da minha pança. Costumo afogar as minhas mágoas na comida, salvo seja.

A falta de perspectivas de continuidade e falta de alternativas, levam-me a um estado de prevenção monetária. Por muito que me custe, ainda não é este ano que vou cumprir a promessa que fiz a mim mesmo já lá vão 6 anos, de fazer umas férias como deve de ser. Pode ser que isso aconteça já no ano que vem.

Este ano não vou a nenhum festival de verão, não por uma questão monetária, mas por uma questão de cartaz. Não há nenhum que me seduza por aí além, como aconteceu o ano passado com o cartaz de Paredes de Coura. Foram cinco dias muito agradáveis, estive mutíssimo bem acompanhado, vi bons concertos e, acima de tudo, passei cinco dias em ritmo de total descontracção e despreocupação, longe da azáfama da rotina diária.

Vá de férias ou não, o que importa é que já falta pouco para eu entrar de férias.

e dei-a

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