31 março 2004

6 meses

Completam-se hoje 6 meses desde que mudei para a minha casa. Após largos anos a viver em casa dos progenitores, 2003 foi o ano que marcou o tão desejado e ansiado passo em frente.

Mesmo tendo-se tratado de um ano de crise económica, no meu caso pessoal 2003 foi um ano em cheio ou, como eu gosto de lhe chamar, o ano dos 3 C’s: o FCP ganhou o campeonato (e não só), acabei o meu curso (já estava na altura de deixar de fazer parte da mobília do ISEL) e comprei casa.

Quando no dia 30 de Junho do ano passado eu dei por mim a assinar o Contrato Promessa de Compra e Venda, senti que era o realizar de um sonho. Já há algum tempo que aguardava por aquele momento. Comecei a pensar seriamente na aquisição de casa própria no início de 2001, mas a combinação de vários factores levou a que só passados 2 anos tenha sido possível atingir esse objectivo.

Mudar de casa implicou mudanças de hábitos, como não poderia deixar de ser. Tive que aprender a lidar com a máquina de lavar roupa, tive que me familiarizar com a imensidão de produtos de limpeza que a minha mãe me deu, tive que melhorar os meus dotes de cozinheiro, e mais coisas.

Confesso que me adaptei melhor do que estava à espera. Não é que estivesse com medo de ir viver sozinho ou que me assustasse a perspectiva de ter que me transformar em dona de casa. Nunca pensei é que a adaptação à nova realidade fosse tão rápida.

Fui obrigado, forçosamente, a gerir (ainda) melhor os meus recursos financeiros. Felizmente para mim, a educação e os princípios que os meus pais sempre me incutiram, fizeram com que desde sempre, eu fosse uma pessoa habituada à lógica do “não há dinheiro, não há vícios”.

Prestação do empréstimo, mensalidade dos seguros obrigatórios, contas de luz, gás e água são fiéis companheiras às quais não posso fugir. A isto somem-se os gastos com a alimentação, com a gasolina e com outros bens que, embora não os comprando todos os meses, temos sempre necessidade contar com eles, como por exemplo roupa, calçado ou despesas com médicos e medicamentos, e facilmente se conclui que ou há cabeça ou então vai sobrar muito mês no final do ordenado.

Tive que abdicar de algumas coisas que, embora fossem importantes, não me eram essenciais. Reduzir o número de vezes que vou jantar fora com os amigos, deixar de ir à Carbono, reduzir as saídas nocturnas, não ter TV Cabo nem Netcabo, evitar ir ao cinema, cortar nas despesas de telemóvel, foram algumas das medidas que tive que implementar. Nada de grave.

De tudo o que deixei de fazer, o que sinto mais falta é da Internet. O acesso à banda larga era um dos meus passatempos. Ler os jornais diários, fazer home banking, sacar os episódios de South Park e uns mp3, consultar o e-mail, navegar na Web, estar em chats com malta conhecida, tudo isto fazia parte da minha rotina diária.

Só que a banda larga acabou. O mundo da Internet, para mim, resume-se hoje em dia a umas esporádicas ligações via modem analógico, aproveitando a hora de almoço para usar o computador lá do sítio onde trabalho. É pouco, mas sempre vai dando para consultar o e-mail (desde que não me enviem ficheiros muito grandes :P) e para publicar estes maravilhosos textos bloguísticos.

Não concordo com a política de banda larga existente neste país. Porque é que, para ter um acesso de banda larga, eu sou obrigado a ser assinante de um serviço de televisão por cabo ou, em alternativa, a uma rede fixa de telecomunicações? Não está já na altura de tornar mais acessível, em termos de custos, o acesso do comum dos mortais a estes serviços?

Eu nem sequer vou falar da estonteante velocidade a que a banda larga funciona em Portugal. Ela é larga se for comparada com antiquada ligação analógica via modem de 56K. Se comparar-mos aquilo que cá se chama de banda larga com aquilo que lhe chamam os países em que a percentagem de “zés povinho” que possuem ligações à net é uma imensidão de vezes superior à nossa, a banda larga em Portugal estreita-se num instante.

Sempre pensei que com o ADSL e o aparecimento de mais do que um operador a disponibilizar este serviço, as coisas fossem evoluir, quer ao nível da qualidade de serviço quer ao nível dos preços praticados. A realidade mostrou-me que eu estava iludido a esse respeito. O monopólio da PT continua a dar cabo da concorrência e a relação preço/qualidade continua a ser aberrante.

Chamem-me sovina, forreta, fuinha ou lá o que quiserem, mas não me queiram convencer que os cerca de 50 Euros de mensalidade por uma ligação de banda larga, é um preço acessível. Talvez até seja, caso fosse essa a minha única despesa mensal. Mas não é esse o caso.

Duma vez por todas, acho que o Estado devia olhar para esta questão. Melhorar a qualidade do serviço de banda larga, tornando-o acessível a mais gente, é, a meu ver, uma forma de evolução. Não podemos continuar na cauda da Europa em tudo. Deixem de tratar a Internet como sendo um luxo.

Já basta estarmos no cu da Europa por causa do mapa.

e dei-a





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