10 março 2004

acreditar

Aqueles que me conhecem, e que são ávidos e assíduos leitores deste blog, devem estar a pensar qualquer coisa do género “Pronto, já se está mesmo a ver que o próximo post vai ser a falar de futebol e do FCP.” São capazes de ter razão, mas só em parte.

Seria demasiado óbvio pôr-me aqui a elogiar mais um feito do FCP, caindo na tentação de ser mais um daqueles cromos da bola que não perdem uma oportunidade de extravasar a sua clubite, por vezes quase a roçar o fanatismo. Não é segredo nenhum, para os que me conhecem, que sou adepto do FCP. Já muita gente me deve ter ouvido dizer que sou tripeiro de nascença e portista por convicção. Sou-o e não o escondo, mas sou-o a uma distância muito grande do fanático.

Mas afinal, se não vou comentar o feito ontem conseguido pelo FCP, em que é que vou falar de futebol? Ora aí é que está. Vou falar de futebol sem falar em futebol. Parece-vos complicado? Olhem que não.

Nunca esquecendo o lado humorístico e, por vezes irónico, de outros posts, passados ou futuros, aqui também há espaço para coisas mais sérias. Neste blog vai haver de tudo um pouco, seja eu capaz de exprimir por palavras aquilo que me vai na cabeça e, não menos importante, seja eu capaz de por de lado a preguiça.

Estava eu hoje a almoçar e a ver as imagens da festa que adeptos do FCP fizeram ontem nas ruas da cidade e, de imediato, comecei a imaginar o que não estariam a comentar certo tipo de gente que por aí anda:

- “Aqueles tripeiros são mesmo bimbos. Até parece que ganharam alguma coisa.”

- “Porra que aquela malta do Porto é mesmo saloia. Bibó Puerto, carago. Nem falar sabem.”

- “Não compreendo o porquê de tanta festa. Afinal, aquilo que aconteceu foi o sistema em todo o seu esplendor.”

Já o disse mas volto a repeti-lo: não sou um adepto fanático. nem adepto fanático nem tripeiro fanático. Não pensem que escrevi aquelas 3 frase com o propósito de dizer mal de quem não é tripeiro ou portista. Muito pelo contrário.

Ao ver aquelas manifestações de alegria, aquele ar de satisfação na cara das varinas do Mercado do Bolhão, lembrei-me logo daquilo que ontem disse ao meu Pai quando acabou o jogo: “Esta equipa mexe connosco. Mesmo sem estarem a jogar grande coisa nunca deixaram de lutar. Acreditaram até ao fim.”

Ora é mesmo disso que hoje me vou pôr a dissertar. Para quem viu o jogo, independentemente da sua cor clubística, não pode ter ficado indiferente à atitude dos jogadores do FCP e aquilo que mais saltou à vista foi a força de vontade que eles demonstraram. Lutaram até ao fim, acreditando sempre que era possível atingir o seu objectivo.

É mesmo essa a imagem que retenho. Quando acabou o jogo, dei por mim com a lágrima ao canto do olho. As emoções estavam ainda bem frescas. Porra, aquela equipa de tostões acreditou sempre. É esse o exemplo que todos nós deveríamos seguir.

Todos nós temos objectivos. Sejam de carreira, sejam pessoais, sejam até mesmo utópicos, como a mais bela das utopias que é dizer-se que a única coisa que se deseja é ser feliz. Não importa os objectivos que sejam, importa sim é acreditar sempre que somos capazes de os atingir. Mesmo que as coisas não estejam a correr tão bem como desejaríamos, não devemos deixar de lutar. Mesmo que se esteja a chegar ao fim do caminho, não devemos desistir porque até se chegar ao fim do caminho ainda falta percorrer qualquer coisa.

Não sei se a fluência das minhas palavras está a ser capaz de exteriorizar a minha ideia. Basicamente estou a tentar fazer uma certa analogia entre o futebol e algo mais vasto que é a vida.

O futebol não é nenhuma escola de virtudes, mas ninguém pode negar que o futebol mexe com as pessoas. Por causa de um simples jogo de futebol, eu hoje vi imagens de pessoas anónimas com os olhos a brilhar de alegria. Um simples jogo de futebol foi, pelo menos por alguns momentos, capaz de fazer essas pessoas esquecerem-se das dificuldades da vida. Naquele momento ninguém estava a pensar nas dificuldades de gerir um salário que, para a grande maioria dos portugueses, é curto para tanto mês. Ninguém estava a pensar no desemprego, no custo de vida elevado, etc..

Seria bom que, todos nós, tripeiros ou não, portistas ou não, fossemos capazes de aprender algo com o que a equipa do FCP mostrou ontem. Não quero que todos se transformem em adeptos da bola ou coisa parecida, mas não seria bom se todos nós fossemos capazes de lutar sempre pelos nossos objectivos, sem nunca desistir ou deixar de acreditar?

Eu aprendi. Obrigado FCP.


e dei-a





<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?