23 março 2004

assalto

Pouco passava das duas da manhã. Praticamente, tinha acabado de adormecer. Primeiro ouvi um estrondo. De seguida ouvi um alarme a tocar e pessoas a falarem alto umas com as outras. Achei estranho. Resolvi levantar-me e ir espreitar o que se passava. Do alto do meu 4.º andar, ainda fui a tempo de assistir à fuga dos assaltantes. Ao certo não sei quantos seriam, mas deu para ver que utilizaram dois carros.

Os amigos do alheio resolveram fazer uma visita a uma das lojas situadas no rés do chão do prédio onde habito. De entre as opções restaurante, ourivesaria, loja de telemóveis, mediadora de seguros / imobiliária e boutique, qual acham que foi a opção? Se a vossa resposta foi ourivesaria, devo dizer-vos que estão redondamente enganados. Esta malta era adepta das telecomunicações.

Movido pela natural curiosidade humana quando confrontado com situações destas, e como o rio do alarme não se calava e não deixava ninguém dormir, resolvi enfrentar o frio e descer para averiguar os estragos. Nessa altura, já algumas pessoas da vizinhança tinham tido a mesma atitude.

No passeio amontoavam-se os estilhaços do vidro da porta de entrada na loja, o qual havia sido rebentado através do científico método da “força bruta”. Primeiro rebentaram com o fecho da grade metálica, provavelmente com uma alavanca ou um pé de cabra, e depois vai de partir a porta envidraçada com recurso a uma bela cacetada.

Depois deste pequeno momento à Sherlock Holmes, duas coisas começaram a intrigar-me:

- uma vez que o alarme, um daqueles ligados a uma central que, assim que o dito dispara, chama a polícia, ainda não se tinha calado, onde parava a polícia?

- Porque raio é que, à excepção de uma prateleira na montra, todo o recheio da loja parecia que não tinha sido mexido?

Cerca de meia hora depois de tudo ter acontecido, quando finalmente chegaram os agentes da autoridade, dois jovens soldados do posto da GNR de Alverca, fiquei a saber que a demora deles se ficou a dever ao facto de eles terem saído estrada nacional fora em busca de 2 viaturas suspeitas que, com base nas informações prestadas por quem de início telefonou para o posto a relatar a ocorrência, viraram em direcção a Lisboa após o assalto. A busca revelou-se infrutífera.

De qualquer modo, pessoalmente concordo com a atitude dos agentes. Uma vez que se tratava de um facto consumado, que é como quem diz, a loja já tinha sido assaltada, não servia de muito eles dirigirem-se de imediato ao local do crime em busca de quem já lá não se encontrava. O alarme continuava a tocar.

Passando ao traçar do perfil dos malfeitores, apetece-me chamar-lhes... broncos. Não se pense que sou profissional do ramo e que por isso sei mais dessa “arte” do que os indivíduos em causa. A questão passa, única e simplesmente, por 2 factores que me parecem demasiado evidentes:

- tendo uma ourivesaria ao lado da loja de telemóveis, porque não optar por assaltar esta? Parece-me a mim que relógios e jóias devem valer mais do que telemóveis.

- Tendo optado pelos telemóveis, porque motivo é que rebentam com a porta da loja e saem de lá só com meia dúzia de aparelhos?

Deviam ser ou rookies ou burros. Utilizam dois carros para levar uma mão cheia de telemóveis. Viva o luxo. Melhor ainda. Assaltam uma loja de telemóveis mas, na pressa da fuga, fica para trás um telemóvel, ligado e com cartão activo, o qual aparentava pertencer a um dos assaltantes, pois não me parece que fosse da loja. Cá para mim foi um assalto Tide... bronco mais bronco não há! A banda sonora da sirene do alarme continuava a ecoar na minha cabeça.

Não estou muito preocupado com o proprietário da loja, o Sr. Mughali. Não é por ele ser aquilo que, carinhosamente, apelido de “kéfrô”, que digo isto. Tenho o maior respeito por todas as raças e credos. Não estou preocupado porque, à parte o incómodo de ter a loja fechada para limpeza e reparação dos estragos durante algum tempo, o mais provável é que todos os prejuízos estejam cobertos pelo seguro. Já agora, ele que aproveite para questionar a empresa de segurança responsável pelo alarme e respectiva ligação à central, porque é que mais de uma hora depois do acontecimento ainda nenhum elemento deles se tinha deslocado ao local para desactivar o alarme, mesmo depois de um dos agentes da GNR lhes ter telefonado várias vezes.

Enfim. Espero que apanhem os artistas que fizeram isto. Não sabiam fazer aquilo de dia? Não há condições. Está um gajo muito bem em casa a ver se dorme descansado, e vêm estes energúmenos armar um estardalhaço de todo o tamanho. Não sabem que o sono é sagrado?

Já agora, alguém cale a porcaria do alarme!

e dei-a





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