29 março 2004

mudança da hora

Este fim de semana mudou a hora, ou seja, entrou-se hora de Verão. Na prática isto equivale a dizer que este fim de semana teve apenas 47 horas.

Dependendo dos hábitos e costumes de cada um, estamos a falar de menos uma hora para dormir, para namorar, para estar com os amigos ou com a família, tratar das lides domésticas (por causa disso não consegui lavar o chão da minha casa de banho :P), enfim, menos uma hora para levar a cabo qualquer actividade de lazer típica de fim de semana. Claro que, para aquelas pessoas que têm que trabalhar ao fim de semana, trata-se de menos uma hora para trabalhar.

Claro que, na prática, dado que o acerto dos fusos horários ocorre na madrugada de sábado para domingo, faz com que, aparentemente, o parágrafo anterior resulte numa enorme redundância, uma vez que quase nem se sente o efeito dessa mudança. Errado!

Qualquer período temporal, respeitante ao fim de semana, que me seja roubado, por mais pequeno e insignificante que esse período possa parecer, é sinónimo de um encurtar do tempo que falta até chegar a segunda feira. Isso é muito grave!

O fim de semana é algo de sagrado. Durante a semana, aquilo que mais vezes me ouvem dizer é qualquer coisa do estilo “nunca mais chega o fim de semana”. Mesmo que as minhas actividades nesse período se resumam coçar a micose e/ou laurear a pevide, eu venero essas 48 horas como se fossem as últimas. Bem, para dizer a verdade, são mesmo as últimas... as últimas antes da próxima segunda feira.

Isto parece conversa de preguiçoso, e vai na volta até é. Quando estou a trabalhar não fujo às minhas responsabilidades, mas daí até gostar de trabalhar, a distância é enorme. Para mim são mais importantes as 48 horas do fim de semana do que as 120 da semana de trabalho, mesmo que apenas 40 dessas sejam de horário laboral.

Claro que as horas de trabalho são importantes, uma vez que sem elas não existia o indispensável ordenado, e sem ordenado não havia meio de me sustentar ou de suportar as despesas que a minha casa dá.

Então porque é que as horas de fim de semana são mais importantes? Não tem apenas a ver com a vertente do descanso ou de não ter que me levantar às sete e meia da manhã. O motivo é apenas um e é dos mais simples que podem existir. É durante essas 48 horas que eu consigo estar com algumas das pessoas que mais gosto. É algures durante esse período que saio com os meus amigos, que ponho a conversa em dia, que me divirto. Isso é tão fundamental para mim como o ar que respiro.

Não estou a dar graxa a ninguém em particular, mas acreditem que às vezes não me importava mesmo nada de passar a totalidade daquelas 48 horas com algumas dessas pessoas.

Não consigo imaginar a minha vida sem os meus amigos, sem a minha família. Preciso ter tempo para eles, para estar com eles. Não abdico disso por ninguém, patrões incluídos, porque há coisas que o dinheiro não paga.

Poucos meses após a conclusão do meu Bacharelato, tive a oportunidade de ir trabalhar para o Departamento de Engenharia duma empresa alemã ligada ao ramo das lojas alimentares, a fazer fiscalização de obras. Era uma proposta aliciante para quem não tinha ainda currículo nessa área. Bom ordenado, carro para uso total e boas perspectivas de carreira numa área que me interessava.

Pura ilusão. Foram os piores 2 meses da minha vida. Trabalhava quase sem horário, a um ritmo de 12/14 horas diárias, fins de semana incluídos. Nesse período fiz uma quantidade incrível de quilómetros, sempre em serviço.

Nesse período de tempo, morava eu ainda com os meus Pais, era sempre o primeiro a sair de casa e o último a chegar, sendo que, na maior parte das vezes, à hora que entrava em casa já eles estavam a dormir. Os meus amigos pura e simplesmente não me viam. Estava a dar em maluco.

Não aguentei. Bati com a porta e jurei para nunca mais. De que me serve ganhar 250 contos por mês, conduzir um Rover com todas as despesas pagas se me era exigida dedicação exclusiva ao patrão? No way!

Se calhar por pensar assim, nunca hei-de ser rico mas querem saber uma coisa? I don’t give a shit. Há valores que o dinheiro não compra e eu não abdico desses valores. Prefiro ser uma rica pessoa do que uma pessoa rica. Privarem-me de estar com o Lino e com a Nela, que são as duas pessoas a quem eu devo tudo que sou, de estar com as “marias” e os “manéis” que são os meus amigos e amigas é a pior coisa que me podem fazer.

Por isto e por tudo mais, é favor não roubarem tempo aos meus fins de semana.

e dei-a





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