03 maio 2004

publicidade na TV

Caso ainda não se tenham apercebido disso, já estamos em Maio. Não me parece que ainda não tenham dado conta de tal facto, mas, pelo sim pelo não, e cumprindo com uma das inúmeras funções deste espaço, achei por bem providenciar esta útil informação temporal.

Sábado solidarizei-me com toda aquela gente que comemorou a passagem de mais um “dia do trabalhador”. E que fiz eu? Basicamente, nada. Afinal de contas, feriado é feriado, pelo que o devemos respeitar enquanto tal.

Parte da minha tarde de sábado foi passada a ver televisão. Mais concretamente, estou-me a referir àqueles instantes compreendidos entre o final do almoço e a ida até Lisboa para beber café com os amigos. Feitas as contas, deve dar para aí cerca de uma hora.

Foi tempo mais do que suficiente para ver uma imensidão de anúncios. E é precisamente disso que vou baboseirar hoje, mas, e há sempre um “mas” nestas coisas, sendo a publicidade televisiva um tema com muito pano para mangas, vou só falar dos anúncios que me irritam.

Começo pelos anúncios de pensos higiénicos. Acho que até as mulheres devem achar esses anúncios deprimentes e insultuosos. Será que o público alvo desses malfadados anúncios sejam mulheres com graves deficiências cognitivas? Confesso que fico escandalizado com a dimensão que a estupidez desses anúncios atinge.

Numa coisa existe coerência: são todos muito maus. É impossível dizer qual deles o pior, mas há um que se destaca. Estou a falar daquele que pergunta “O que há dentro da mala de Natalia Verbeke?”. É mau, e deixa uma pergunta no ar: mas afinal, quem é essa gaja?

Mulheres, revoltai-vos. Terem o período já é martírio mais do que suficiente.

Outros anúncios que me irritam profundamente são aqueles que anunciam a festa “Olá love 2 dance in the sky”. Não consigo explicar porquê, mas a música desse anúncio dá-me cabo dos nervos.

E quando eu pensava que me tinha visto livre desses anúncios, uma vez que a dita festa ocorreu este fim de semana, eis que os publicitários da Olá resolvem não me dar sossego. É que o anúncio respeitante ao novo Magnum “não sei das quantas” tem como trecho sonoro a mesma musiquinha vomitante. Argh!

Depois temos a categoria dos anúncios que, não sendo irritantes pelo seu conteúdo ou pela sua banda sonora, são irritantes porque, pura e simplesmente, estão mal feitos.

Não vou falar nos anúncios de detergentes. Aqueles em que, vindo do nada, aparece um tipo qualquer que agarra na dona de casa e a transporta para o interior das peças de roupa, mostrando o poder de limpeza do detergente. Esse assunto já foi abordado por outros, mais dotados do que eu, pelo que nada de novo eu teria a acrescentar.

E que tal os anúncios dos créditos à habitação? Para além de referirem sempre umas taxas de juro fabulosas, mas que nunca correspondem às reais, mostram sempre como pano de fundo casas que nunca, em caso algum, o comum dos mortais pode aspirar!

Outro exemplo de calinada publicitária pode ser encontrado no anúncio a um iogurte líquido, de fruta com cereais. Basicamente trata-se de um grupo de 4 radicais que andam a passear de moto 4, quando resolvem fazer uma pausa para descanso num celeiro que, por mero acaso, lhes surge no caminho. Entrados no celeiro, eis que, para espanto geral, lhes surge um belo frigorífico cheio desses iogurtes. Bastante credível, não acham?

Até mesmo em anúncios mais recentes é possível encontrar calinadas irritantes. O maior operador de rede móvel nacional, aquele das três letrinhas apenas, anda a anunciar os serviços para os telemóveis da 3.ª geração.

Num desses anúncios, o cenário é a esplanada de um café em que numa mesa está uma pacata velhinha a beber o seu chá e na mesa em frente está uma senhora a olhar para o telemóvel e a dizer coisas como “tira as calças”, “agora tira as cuecas”, “mostra-me o rabinho”, “agora a pilinha”, “tão grande!”.

Nesta altura, já a idosa está com o ar mais chocado deste mundo, semelhante ao ar de quem acabou de ver um anúncio de pensos higiénico, quando a senhora lhe diz “estou a falar com o meu marido”.

Depois lá se percebe que a senhora está efectivamente a falar com o marido, enquanto este muda a fralda ao seu rebento. Mas será que era mesmo isto? É precisamente aqui que reside a calinada. Acham normal que a um bebé de fraldas se vistam cuecas? Então o “tira as cuecas” era para quem? Se fosse para o miúdo não deveria ter ela dito “tira-lhe as cuecas”?

Cá para mim o bebé era só o alibi. No fundo, o que realmente estava a acontecer mais não era do que um momento de voyeurismo entre um casal que não podia esperar até chegarem a casa!

Mesmo que não fosse isto que se estivesse a passar, e realmente ela estivesse a referir-se à criança, a calinada das cuecas permanece imaculada.

Se há coisa que já não aguento ver em anúncios de televisão, é o Figo. Nada tenho contra ele, mas estou tão farto de o ver em tudo quanto é publicidade que isso já me irrita.

Ora temos o Figo em pose de estátua a balbuciar que esta é a nossa bandeira, isto num tom de voz que, enfim, faz-me lembrar um cruzamento entre o Prof. José Hermano Saraiva e o Eng.º Sousa Veloso, ora temos o Figo a dar baile ao Ronaldo e aos amigos dele em pleno túnel de acesso ao estádio, ora temos o Figo mais o Scolari a falar dum banco que é de confiança, ora temos o figo a cortar a barba e a cantarolar um refrão digno de uma música concorrente a um festival da canção

Chega. O que é demais é exagero. Depois admiram-se que o bacano já nem os pénaltis saiba marcar. Dêem lá descanso ao bacano, que assim também me dão descanso a mim.

Só falta mesmo ver o Figo a fazer anúncios a pensos higiénicos!

e dei-a





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