11 maio 2004

quantidade vs qualidade

Mais de uma semana sem publicar nada. Eu devia ter vergonha... mas não tenho.

Porque será? Será por falta de assuntos? Será por preguiça? Será por outra justificação, mais ou menos plausível, que agora não se me ocorre? Nem eu sei bem, mas posso garantir que não tem nada a ver com o guaraná.

Ainda bem que não sou cronista ou colunista. Já viram o que seria se tivesse prazos para cumprir com a publicação dos meus textos? Bem que estava lixado. Uma das coisas que sempre disse é que este blog não ia ser diário.

Não deixa de ser verdade que, eu próprio, contava por esta altura ter mais do que uns míseros 18 posts, isto se contabilizar o de hoje. Acreditem que poderia ter o dobro, ou até mesmo o triplo, dos textos publicados, mas se não o faço é porque me preocupo com vocês.

Quero preservar a vossa sanidade mental e daí, embora com muita pena minha, tenho-me abstido de publicar uma linha que seja dedicada aos meus traumas, às minhas psicoses depressivas, aos meus medos, às minhas inseguranças, em suma, ao meu lado mais obscuro.

Claro que posso sempre argumentar que não importa a quantidade dos textos publicados, mas sim à qualidade dos mesmos. Mas será que, nos tempos que correm, isso ainda consegue convencer alguém?

Na sociedade moderna, o tamanho conta muito. Não acreditam? Acham que estou enganado? Provavelmente até estou, mas posso apresentar alguns exemplos de como, em situações distintas, as pessoas vão atrás do tamanho.

Quem tem por hábito fazer compras em hipermercados, com certeza já reparou que, em algumas categorias de produtos, existem sempre as embalagens familiares. Cereais e detergentes, entre outros, são alguns dos artigos possuídos por essa onda de “crescimento familiar das embalagens”.

Um facto curioso, e que já verifiquei pessoalmente é que, na maior parte dos casos, essas embalagens são mais caras do que a soma de duas embalagens mais pequenas. No entanto a atracção pela embalagem familiar leva a que esta seja a mais procurada.

Outro exemplo que já várias vezes assisti ou ouvi comentar, prende-se com um dos bifes mais conhecidos das ementas gastronómicas dos estabelecimentos de restauração: o bife da Portugália. Quantas vezes não fui já eu confrontado com afirmações do género “que bife tão pequeno”. Ainda antes de se pronunciarem acerca da qualidade da talhada de carne, já estão a manifestar-se sobre a dimensão da mesma.

(Abro aqui um parêntesis para informar que, pessoalmente, não sou apreciador dos bifes da Portugália. A relação preço/qualidade dos mesmos deixa muito a desejar.)

A questão da quantidade não passa, exclusivamente, pelo tamanho ou pelas dimensões deste ou daquele artigo. Repare-se agora nos telemóveis. Aqui a questão da quantidade passa pelo número de funções que o modelo Turbo16V da marca xpto tem, ou deixa de ter.

Elas são os MMS, as câmaras para tirar fotos e fazer filmes a torto e a direito, os jogos java para desafiar online um parceiro qualquer, os toques polifónicos, os ecrãs policromáticos com não sei quantos biliões de cores e mais uma infinidade de funções que, na grande maioria, nunca são utilizadas.
No meio de tanta coisa, as pessoas quase que se esquecem da principal função desses aparelhos: fazer e receber chamadas telefónicas. Mas entre um telemóvel dos simples e um dos “especiais de corrida” é ou não verdade que os preferidos do público são os primeiros?

Aquilo que digo, e não o digo apenas agora, é que os produtos de melhor qualidade nem sempre são apresentados nas maiores ou nas mais atractivas embalagens. Eu ainda sou dos que acreditam, não totalmente mas pelo menos parcialmente, naquela velha máxima que diz não é o tamanho que importa, mas sim o que se faz com ele.

Será que digo isto porque sou baixo, gorducho e nada bonito?

e dei-a

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