03 junho 2004

eleições europeias

Estamos em plena campanha eleitoral. No próximo dia 13, por sinal dia de Santo António, mais um dos feriados que, este ano, não me dá direito a nada, Portugal vai a votos para eleger os seus representantes no Parlamento Europeu.

Na minha modesta opinião, que vale aquilo que vale, esta campanha está a ser, e agora vou utilizar um adjectivo ligeiro, uma nulidade. Já estava mesmo à espera disto, por isso não vou dizer que esteja surpreendido.

É degradante a imagem que os cabeças de lista dos vários partidos transmitem ao comum cidadão. Todos eles sem excepção, estão mais preocupados em envolver-se em trocas de galhardetes com os adversários do que em transmitir o conteúdo do seu programa eleitoral. Será que eles têm um?

Desde que sou recenseado que exerço o meu direito de voto. Mais do que um direito, entendo que o ir votar é um dever de qualquer cidadão. Mas também desde essa altura que detesto os períodos de pré-campanha e de campanha eleitoral. Não apenas pelos discursos ocos e desinteressantes dos candidatos, mas também pelos vários atentados que as campanhas representam.

Ver as paisagens de norte a sul do país conspurcadas pelos incontáveis painéis publicitários, vulgo outdoors, é uma atentado paisagístico. Ter a minha caixa de correio entupida por panfletos partidários é um atentado à minha privacidade e é uma ocupação ilegal de algo que me pertence. Ver as ruas cobertas por toda uma parafernália de papéis, papelinhos, autocolantes e afins, ou invadidas por caravanas automóveis a fazerem um chinfrim insuportável é um atentado à saúde pública.

Enquanto contribuinte cumpridor de todas as minhas obrigações fiscais, algo que, desconfio, a grande maioria dos políticos não o pode afirmar sem estar a mentir, custa-me, para não dizer que me revolta, ver o desperdício de dinheiro que as campanhas representam.

Ah pois. Convém não nos esquecer-mos que parte do financiamento aos partidos provém dos cofres do estado, do dinheiro dos contribuintes. E olhem que não são assim tão poucos partidos quanto isso. Nestas eleições vão constar 13 listas a concorrer. Tendo em conta que existem duas coligações, com dois partidos cada, estamos a falar de 15 partidos. Parecem-me parasitas a mais.

Desculpem-me a franqueza, mas qual é a utilidade que têm partidos como o PND, o PPM, o PNR, o PDA, o MPT, o PCTP/MRPP, o PH, o MD ou o POUS? Muito pouca ou quase nenhuma. Não é que os grandes partidos sejam grande coisa, mas enfim.

Afinal, qual é a mensagem que cada partido tenta transmitir durante a campanha, de modo a tentar cativar o eleitorado e levando-o a votar na sua causa? Pela amostra destes primeiros dias, a resposta é NENHUMA.

Se me concentrar apenas nos partidos ou coligações que melhor colocados aparecem nas sondagens, o panorama é desolador. Não me estou a referir às pessoas em si, mas sim à campanha que têm feito.

Pela coligação “Força Portugal” (que nome tão infeliz) ouvi uma sua candidata, cujo nome agora não me recordo, proferir infelizes e vergonhosos comentários ao aspecto físico, ou deficiência física se preferirem, do cabeça de lista do PS. Haja dignidade, se faz favor.

Pelo PS temos a constante referência do seu cabeça de lista ao facto de o PP ser racista e xenófobo, representando a podridão da extrema direita. Notável capacidade de divulgação do programa eleitoral socialista.

Da CDU mais não esperava do que aquilo que tem sido a sua campanha. Mesmo assim não consigo deixar de achar lamentável as tristes figuras a que a Odete Santos se presta. Aquele ar de maluquinha e aquele discurso totó sempre que andam pelas feiras já enjoa.

Falta o BE. Ora bem, quando se poderia pensar que o BE, uma vez que se assumem como um partido diferente, se iria preocupar com a divulgação das suas intenções europeias, rapidamente se conclui que mais valia não ter pensado nisso. Afinal, o seu discurso é o mesmo de sempre. Contra o aborto, contra a penalização do consumo de drogas leves. Virem lá o disco.

Resumidamente. Na minha opinião, tendo o maior respeito pelas opções político-partidárias de cada um, a política em Portugal continua a ser uma enorme palhaçada resumindo-se, apenas e só à luta dos jobs pelos boys. Venha de lá o meu tacho e que se lixe o resto.

Dia 13 eu vou votar, mas é bom que não se admirem de ver a abstenção a ganhar.

e dei-a

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