07 julho 2004

Davi não vê estrelas

Depois de dois dias em retiro espiritual, ou coisa do género, eis que, finalmente, consegui recuperar da desilusão que senti por Portugal não ter ganho o Euro. Fiquei triste pela derrota - parabéns à Grécia - mas senti também um orgulho enorme em ser Português. As reacções que vi e ouvi após o jogo demonstraram uma vez mais que, quando queremos, somos um povo do caraças!

O Euro já lá vai e já é altura de falar noutras coisas. A vida não é feita só de futebol. Infelizmente dirão muitos, felizmente dirão outros tantos. Há outros acontecimentos no dia a dia que merecem ser abordados, comentados, debatidos, explorados ou, pura e simplesmente, ignorados.

Terminado o Euro, a grande novela que prende agora as atenções do povo é a sucessão de Durão Barroso como Primeiro Ministro. Será que vamos ter eleições antecipadas ou a opção vai incidir sobre Pedro Santana Lopes? Que se lixe que não me vou pôr aqui a falar de política.

Para além de futebol outra das coisas que gosto é de ouvir o Programa da Manhã, na Best Rock, desde que toca o despertador até chegar ao meu local de trabalho. Sou fã incondicional da rubrica do Homem Que Mordeu O Cão. Nada melhor do que umas histórias bizarras e absurdas para começar bem o dia.

Foi precisamente no papel de ouvinte que fui hoje surpreendido por uma verdadeiro atentado aos meus tímpanos, sob a forma de umas músicas interpretadas por alguém que dá pelo nome de “Davi Não Vê Estrelas”.

Este projecto musical, duma qualidade muito duvidosa se me é permitida a opinião – claro que me é permitida, afinal o blog(eu) é meu – é composto, ao que julgo ter percebido, por dois brasileiros: o Davi propriamente dito e o conhecido publicitário Edson Athaíde.

Ora bem, eu não tenho nada contra novos projectos musicais, nem contra brasileiros, mas pelo menos dava um certo jeito que fossem projectos com qualidade e, já agora, inovadores.

Não é este o caso. Aliás, a única coisa inovadora no meio disto é a afirmação do Athaíde: “O Davi canta. Eu não canto, não toco nem danço. Limito-me a gostar de mexer em coisas novas.” Por favor, alguém que me explique o que é que isto signifique, não vá eu começar a interpretar mal as palavras do homem.

O álbum editado por estes “artistas” intitula-se Back 2 Basics e não é mais do que uma compilação de canções conhecidas da década de 80, nacionais e internacionais, interpretadas numas versões muito sui generis.

Confesso que me ia vomitando todo quando vinha a caminho do trabalho e comecei a ouvir uma asquerosa versão do Circo de Feras dos Xutos & Pontapés. Aquele piano meloso e aquele sotaque brasileiro aportuguesado deram-me a volta à tripa. A coisa não melhorou quando tocaram a Dunas, dos GNR, ou a mítica Video Killed The Radio Star, dos Buggles.

Eh pá, poupem-me a estas merdices. Se fosse eu e um grupo de amigos a fazer isto, de certeza que eram enxovalhados e achincalhados pela crítica. Como se trata do Athaíde e do amiguinho, editam discos, vão às rádios e televisões e ainda são elogiados.

Querem ser inovadores, sejam-no sem destruir por completo as músicas originais, ou então façam isso no recanto do lar em sessões privadas. Não poluam os meus tímpanos com isso. O vosso projecto tem tanta lógica como fazer versões dos fados da Amália em ritmos metaleiros.

Vai na volta isso até nem é de todo uma má ideia!

e dei-a

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