12 julho 2004

Grande Reportagem

Um dos vários defeitos que tenho prende-se com a minha (quase) crónica preguiça para ler livros. Apesar de, ultimamente, estar a tentar ultrapassar essa falha nos meus hábitos, confesso que a única literatura que mereceu a minha atenção foram os livros do Homem que Mordeu o Cão, o livro da Conversa da Treta e a biografia do Mourinho.

Tenho bons livros na minha estante, todos eles merecedores de, pelo menos, uma leitura atenta mas, até à data, a minha preguiça tem levado a melhor sobre a minha (falta de) vontade de absorver obras literárias.

Os meus hábitos regulares de leitura resumem-se, quase em exclusivo, à leitura semanal do Expresso e da edição de sábado do Diário de Notícias, hábitos esses que já levam alguns aninhos. Não vou aqui contabilizar uma ou outra leitura a um jornal desportivo diário.

É precisamente aos sábados que, com o Diário de Notícias, é distribuída a revista Grande Reportagem (GR), uma das (poucas) boas revistas que é editada no nosso mercado jornalístico.

Sou um ávido consumidor do conteúdo da GR. Desde as crónicas aos temas de fundo, passando pelas várias secções que a compõe, por regra praticamente leio tudo, da primeira até à última página. Assim como assim, a revista até nem é grande.

Foi precisamente na GR, não na edição deste sábado, mas na edição anterior, que li um artigo que encaixa na perfeição na actualidade Portuguesa. Estando o país em pleno processo de remodelação governamental, a GR sugere um quadro ministerial que, com quase toda a certeza, seria aprovado pela esmagadora maioria das portuguesas e dos portugueses. Senão vejamos:

Primeiro-Ministro: Luiz Felipe Scolari. É o líder que precisamos. Percebe de bola, não dá confiança aos espanhóis, tem bigode e, condição fundamental, não é português. Pouco dado a pieguices, acha que “auto-estima” é um stand de automóveis.

Ministro da Economia e Finanças: Luís Figo. Tem uma fortuna pessoal que a cubicagem dos nossos cofres não é capaz de suportar. É preciso dizer mais alguma coisa? Só no capítulo da simpatia é que perde para Manuela Ferreira Leite.

Ministro da Defesa: Ricardo. Mesmo com submarinos, Paulo Portas nunca conseguiria uma defesa como a que Ricardo montou frente à armada “bifa”.

Ministro dos Negócios Estrangeiros: Deco. Diplomático e fundamental nas relações com o país irmão, tem uma experiência de vida no estrangeiro mais longa do que qualquer outra personalidade que já desempenhou o cargo. Com ele, não corremos riscos de patriotismo bacoco.

Ministro da Administração Interna: Fernando Couto. Patente de capitão, carácter policial, enfrenta as investidas mais brutais impavidamente. Ao pé dele, Figueiredo Lopes é uma velhinha.

Ministro da Justiça: Rui Costa. Homem de consensos, cultiva boas relações com os juizes de linha e com o quarto árbitro, que é uma espécie de Ministério Público dos jogos de futebol.

Ministro dos Assuntos Parlamentares: Costinha. Diz umas frase com princípio, meio e fim. Veste bons fatos e faz colecção de gravatas. Tem tudo o que é preciso para ocupar o cargo com sucesso.

Ministro da Agricultura e Pescas: Hélder Postiga. Com uma infância passada no bairro piscatório das Caxinas, percebe mais de peixe do que Sevinate Pinto. Quanto à agricultura, sempre tem Durão em Bruxelas para as questões mais bicudas.

Ministro da Educação: Maniche. De expressão assaz astuta, revelou-se um dos melhores alunos do futebol português. Com ele, os índices de aproveitamento escolar seriam outra loiça.

Ministro da Saúde: Jorge Andrade. Que melhor ministro do que um homem que, após hora e meia de correria desenfreada, acusa 80 batidas por minuto?

Ministro das Obras Públicas: Ricardo Carvalho. Pessoa com obra feita, uma muralha de betão em campo. Seria um excelente substituo de... como é que se chama o Ministro?

Ministro da Juventude: Miguel. Conhece de perto os dramas que afectam a nossa juventude: foi criado em Chelas.

Ministro do Trabalho e da Segurança Social: Nuno Valente. Do Trabalho porque é de uma abnegação invulgar; da Segurança Social porque, com ele, a política nesta área ia mesmo virar à esquerda.

Ministro do Ambiente: Cristiano Ronaldo. Natural de uma ilha com grande biodiversidade, feito adulto num clube que é sinónimo de verde, é o homem indicado para driblar os espanhóis no primordial dossiê das águas.

Ministro da Cultura: Simão Sabrosa. Faria a ponte entre os eruditos, com quem partilha a paixão por textos árabes ancestrais, e os jovens criadores, para os quais é um exemplo, na moda como no teatro.

Ministro das Comunidades Portuguesas: Pauleta. Conhece bem a França, onde vive a maior comunidade de emigrantes, e domina o dialecto de boa parte dos portugueses espalhados pelo mundo.

Ministro da Ciência e Tecnologia: Quim. Dada a relevância em Portugal desta pasta, qualquer suplente chega para a encomenda.

Estou com a GR: a selecção deve ir para o Governo!

e dei-a

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