31 maio 2004

ideiamobile

Foi já no longínquo ano de mil novecentos e noventa e nove, mais concretamente no dia nove de Junho, que nos tornamos cúmplices. Juntos entramos no novo milénio.

Motivado pela necessidade de um meio de locomoção, que me permitisse deslocar diariamente de casa (Alverca) para o trabalho (Arruda dos Vinhos), do trabalho para a faculdade (Lisboa) e da faculdade para casa, fui “forçado” a comprar um carrito.

Assim nasceu um mito de 4 rodas: o ideiamobile.

Para quem não teve o prazer de conhecer tão admirável bólide, o ideiamobile mais não é do que um pequeno utilitário, construído em Outubro de 1988, cuja marca começa em O e acaba em L, tendo pelo meio as letras P e E, sendo o modelo definido pela palavra iniciada em C e terminada em A, tendo pelo meio as letras O, R e S.

Nestes quase cinco anos de vida em comum, percorri perto de noventa e sete mil quilómetros. No total, este notável ancião das estradas nacionais já totaliza cerca de duzentos e catorze mil quilómetros. É obra.

Muitas são as histórias e as recordações que guardo do ideiamobile. Muita gente ilustre se sentou no seu interior. Se aquele carro tivesse o dom da escrita, a sua autobiografia arriscava-se a ser um best-seller na literatura do mundo automóvel.

Nunca me esquecerei daquela noite de sexta feira, ia eu na faixa da esquerda da auto-estrada a caminho de Lisboa, quando o cabo do acelerador se lembra de prender. Arrepiante.

Ou então aquele dia em que, numa daquelas ruas nada inclinadas do Bairro Alto, acabo de estacionar o carro, puxo o travão de mão e o cabo deste toma a iniciativa de se partir. Porreiro, não vos parece?

Claro que nem todas as recordações são dramáticas. A memorável odisseia da viagem a Paredes de Coura, no verão de 2002, em que estiveram 3 pessoas a dormir dentro do ideiamobile, é algo de inesquecível.

Ou ainda aquela noite de sábado em que, estacionado junto à praia do Guincho, tive um dos momentos mais reveladores da minha essência enquanto pessoa. Aquela conversa que se prolongou pela madrugada dentro, foi das coisas mais bonitas e enriquecedoras que alguma vez vivi.

O ideiamobile vai ser sempre o ideiamobile, mas a realidade é que o nosso ciclo terminou. Desde este sábado que há “outro” ideiamobile, mais concretamente o ideiamobile XXI.

Não. Ainda não foi desta que comprei BMW 320d cinzento metalizado. (piada pessoal)

Também não comprei uma carrinha cheia de estilo. (outra piada pessoal)

Já fui duramente criticado por tal opção. “Típico de gajo. Trocado por outro mais novo!”

Verdade seja dita, não o troquei por um mais novo. Troquei-o por um menos velho, com metade dos quilómetros. Mas ainda sou possuidor de um carro cuja matrícula apresenta as letras à esquerda. :P

A herança é pesada e só espero que ideiamobile XXI se porte tão bem como se portou o seu antecessor. Se isso acontecer, dou-me por satisfeito. Mais do que isso não lhe exijo.

Hoje a melhor Mãe do mundo faz anos. Parabéns Mãe. :)

e dei-a

27 maio 2004

FCP vs Balu

Ontem foi um dia de emoções fortes e de sentimentos antagónicos. Por um lado a euforia e a alegria por mais uma conquista do meu clube do coração. Por outro, a tristeza e a consternação pela notícia da morte do pequeno golfinho Balu.

A histórica vitória do Futebol Clube do Porto, deixou-me satisfeito, eufórico e orgulhoso de ser tripeiro. Não apenas a mim, como a todos os portistas e também, acredito sinceramente nisso, a um grande números de portugueses adeptos de outros clubes.

Nestes momentos de celebração todos nos esquecemos do alto preço dos combustíveis, dos baixos salários, do desemprego e da retoma que nunca mais chega. O futebol anima o povo. O ideal agora será podermos estar todos, daqui a umas semanas, a festejar a conquista do Campeonato Europeu pela nossa selecção.

“Inesquecível. Mas que ninguém diga irrepetível!” José Mourinho proferiu esta frase no final da época passada, após a conquista do Campeonato, Taça de Portugal e Taça UEFA, frase essa que ficou registada no livro publicado nessa mesma altura, dedicado às conquistas do “mister” Mourinho. Ontem, assim que o jogo acabou, lembrei-me destas palavras.

Nunca fiz amizades baseadas em princípios clubísticos, políticos ou religiosos. Sou amigo de quem merece a minha amizade e tento merecer a amizade de quem é meu amigo. Como tal é óbvio que no seio das minhas amizades encontram-se adeptos de outros clubes, uns mais ferrenhos do que outros.

Quer através de mensagens, de telefonemas ou de cumprimentos pessoais, já muita gente me deu os parabéns. “Bibó Puerto. O teu clube é o maiore, carago!” Claro que fico contente. Seria hipócrita se dissesse o contrário.

Mantendo todo o respeito e consideração por todos os meus amigos e amigas, vou destacar aqui amigos de longa data, ambos ilustres benfiquistas. Mesmo sabendo que é possível que eles não venham a ler isto, o que não é muito relevante porque vou ter oportunidade de lhes dizer isto pessoalmente, quero deixar um abraço especial para o Rui e para o Carlitos.

Rui, após a final de Sevilha no ano passado, numa das nossas conversas de bola na mítica Carvoaria, disseste qualquer coisa como “Se não deixar sair os melhores jogadores, a jogar desta maneira vocês habilitam-se a ser campeões europeus.”

Ainda no sábado passado, apesar do teu Benfica ter ganho a Taça de Portugal, não tiveste qualquer problema em afirmar “Ficou provado que o Porto é a única equipa em Portugal que joga como equipa.” És grande.

Carlitos, já pertencem ao passado, embora a um passado recente, as nossas tertúlias futebolísticas no bar do ISEL. És benfiquista dos sete costados, daqueles que só falham um jogo por motivos de força maior. Mas és também um adepto incondicional de todos os clubes portugueses que competem em provas europeias.

Já na época passada o fizeste, mas esta época fizeste-o com mais afinco. De cada vez que o FCP marcava um golo lá recebia eu um toque no meu telemóvel. Acredito honestamente que ontem ficaste quase tão eufórico como eu. Obrigado.

Se todos os benfiquistas fossem como vocês os dois, se calhar até eu era benfiquista. Ou então não. Podemos mudar muita coisa ao longo da vida, mas nunca de clube, não é verdade?

Mas nem tudo foram alegrias. Chamem-me lamecha, menino, totó, ou qualquer coisa desse género. I don’t care. Quando vi a notícia de que o Balu tinha morrido, fiquei triste.

Para os que não sabem, o Balu era um bebé golfinho, órfão, que estava entregue aos cuidados dos técnicos do Zoomarine.

O estado dele era grave. Tinha perdido a mãe, o que dada a ligação e dependência dos bebés golfinhos à sua progenitora, colocava o Balu numa situação delicada. Os golfinhos, quando nascem, não sabem nadar, necessitando de permanecer “colados” à mãe durante os primeiros dias de vida. Para além disso, também padecia de uma infecção que o enfraquecia e lhe limitava o sistema imunitário.

Tudo foi feito para que o Balu sobrevivesse. Colocaram-lhe flutuadores e acompanharam-no 24 horas por dia para que ele aprendesse a nadar. Alimentaram-no e mimaram-no como qualquer bebé necessita ser mimado. Fizeram-lhe todos os exames possíveis e imaginários para tentar descobrir o que ele tinha.

Infelizmente, a infecção foi mais forte e o Balu não resistiu. Comovi-me quando vi o ar emocionado com que as pessoas que o acompanharam nesta luta, falaram do que tinha acontecido.

Sou muito humano e sensível. Digo muita vezes que tenho mais consideração pela minha cadela do que por muitas pessoas que conheço. O ser humano é falso, os animais não. Se há espécies extintas ou em vias de extinção, se o nosso planeta está a ser destruído, isso não se deve aos animais.

Presto aqui a minha homenagem a toda a gente, do Zoomarine e não só, que tudo tentaram e tudo fizeram para salvar a vida do pequeno Balu. Estes gestos e estas atitudes provam que, felizmente, nem todo o ser humano é igual.

Homens ou animais, só temos uma Terra.

e dei-a

21 maio 2004

casamento real espanhol

Para dissipar todas as minhas dúvidas, hoje de manhã uma das primeiras coisas que fiz foi abrir a carteira, tirar o Bilhete de Identidade e, atentamente, ler as duas palavras que estão no topo desse documento: República Portuguesa.

Exactamente. O meu BI não diz “Monarquia Espanhola”. Ao fim de tantos dias a ouvir falar no casamento do Felipe e da Letizia, eu já começava a duvidar disso!

É lamentável a vassalagem que os nossos canais de televisão estão a prestar a este acontecimento. Não apenas os canais privados, mas também a RTP. Pessoalmente acho isso uma demonstração de falta de respeito para com os Portugueses.

Nada me move contra a Monarquia. Se “sou” Republicano isso apenas se deve ao facto de ter nascido na vigência da República. Até digo mais, se a solução para que Portugal passe a ser um país de topo na União Europeia passar pelo regresso à Monarquia, vamos a isso.

Questões monárquicas e republicanas à parte, aquilo que já me irrita profundamente é ver os nossos telejornais a darem tanta importância a tudo que se relaciona com este enlace.

Eu não quero saber onde é que estão a ser fabricados os pratos de porcelana em que o Felipe vai por as cascas de tremoço. Eu não quero saber onde é que a Letizia compra as escovas de dentes ou qual é a marca de pasta de dentes que ela mais gosta.

Também não me interessa minimamente saber que, num destes serões, o casalinho se dirigiu a Segóvia onde jantou no “Tascon del Manel”, tendo o Felipe palitado os dentes duas vezes e a Letizia ido à casa de banho retocar a maquilhagem.

Já sei que estamos invadidos por lojas das Zara, Bershka e afins, que o El Corte Ingles também já cá chegou e que até a maior empresa de construção civil Portuguesa foi vendida a um grupo Espanhol.

Porque é que, por um lado, nos mostramos tão indignados quando alguém algures, escreve ou diz que Portugal é uma província de Espanha mas, por outro lado, nos derretemos todos com estes acontecimentos que são coisas tão produtivas como os artigos publicados nas revistas cor de rosa?

Devo ser uma espécie de herege por não estar a prestar vassalagem ao herdeiro do trono dos nosso vizinhos do lado. Devo ser o único que não estou a prestar atenção aos 23173 jornalistas que a SIC ou a TVI destacaram para cobrir o evento. Como ainda hoje o Nuno Markl disse, só falta mesmo saber se vai estar algum repórter dentro do bolo dos noivos.

A sério. Não aguento mais isto. Tanto ênfase dado a algo que não nos diz respeito (aquilo é Espanha, não Portugal) é duma estupidez inqualificável. Chega. Estou farto. Estamos em Portugal, sou Português e estou-me a borrifar para tudo isto!

Será que é preciso um remake da Revolução de 1640 para isto voltar ao normal?

e dei-a

19 maio 2004

odisseia no portátil

Esta semana não podia ter começado melhor. Na segunda feira, o meu computador portátil lembrou-se de ter uma “ataque de caspa” e pifou. Deve ter entrado em greve, uma vez que ele funcionava só que com uma lentidão de fazer inveja ao mais lento dos caracóis.

Tratando-se “apenas” do computador que mais utilizo, apesar de ter outro em casa, fiquei logo em estado de alerta máximo. O meu dia a dia profissional está todo arquivado no portátil, os textos do blog também lá estão guardados.

O que vale é que sou um tipo prevenido e, regularmente, faço um backup de toda essa informação. É a vantagem de ter dois computadores. Mesmo assim, a última vez que fiz isso já tinha sido em Abril.

Chegado a casa tratei logo de tentar a ressuscitação do defunto. Ligo o computador e, uns míseros 12 minutos depois, surge-me diante dos olhos o meu resplandecente ambiente de trabalho. Mais 10 minutos e consigo entrar no explorador, preparando-me para fazer uma actualização do backup.

Aproveitei a demora desta operação para (tentar) ver um bocado de televisão. Não foi a melhor opção. O serão televisivo dos quatro canais de televisão nacionais é muito mau. Mau demais para ser comentado.

Para me manter entretido, enquanto o backup ia avançando, fui aliviando o stress a jogar Colin McRae 2. Eu sei que o jogo já vai na versão 4, mas o computador lá de casa não permite mais. E enquanto funcionar bem é melhor eu nem me queixar.

Concluída a transferência de ficheiros de um computador para o outro, algo que durou mais tempo do que um comum relógio pode contabilizar, avancei para a formatação do disco rígido, e posterior instalação de todos os programas necessários.

Sistema operativo, antivírus, processador de texto, folha de cálculo, programa de desenho assistido por computador e todos aqueles pequenos utilitários indispensáveis foram, cuidada e meticulosamente instalados, de modo a que o computador ficasse operacional.

A porca começa a torcer o rabo quando chega a altura de fazer as devidas actualizações aos programas. Imaginem lá o que é actualizar tudo e mais alguma coisa servindo-me duma ligação analógica a 56k. Ainda por cima, só posso aproveitar a minha hora de almoço para fazer isso, porque não convém ter o telefone ocupado durante muito mais tempo. (Para quem não se lembra, tive que abdicar da netcabo desde que mudei de casa.)

Uma simples actualização do antivírus, alga tão essencial para os computadores como o oxigénio para os seres humanos, pode levar larguíssimos minutos. Depois há que actualizar o sistema operativo, com todas aquelas actualizações de segurança, actualizações para o programa de gestão de correio electrónico, actualizações para o programa de navegação na Web, etc..

Entretanto tenho que voltar a actualizar o antivírus. O ritmo a que saem as actualizações para estes programas fazem lembrar o ritmo a que os coelhos manifestam o seu amor e carinho às coelhas! É quase desesperante. Já ando nisto há 3 dias e ainda falta actualizar uma série de programas.

Alguém tem aí uma ligação de banda larga que me possa emprestar?

e dei-a

14 maio 2004

o fim dos blogs

Andava eu a passar os olhos pelos vários tópicos de um dos muitos fóruns existentes na Internet, quando deparei com um cujo título referia “ANACOM (Autoridade Nacional de Comunicações) pretende acabar com os blogs”.

Resumidamente, esse tópico citava uma notícia que dizia o seguinte:

“A Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) pretende acabar com a existência dos chamados «blogs», páginas de opinião muito em voga na Internet, alegando que estes sítios são frequentemente utilizados para difamação, afirmou ao EXPRESSO Online Pedro Amorim, especialista em direito para as novas tecnologias da informação.”

Antes de prosseguir convém desde já esclarecer que esta notícia foi desmentida, pelo que podem ficar descansados os autores e os leitores de blogs.

Mais do que comentar esta notícia que, afinal, não o chegou a ser, quero debruçar-me acerca duma resposta que li nesse tópico. De entre as várias opiniões manifestadas destaca-se uma, a qual transcrevo na íntegra. Leiam com atenção:

“epah.. fdx.. por uma vez estas merdas podiam ser a sério.

é que não me importava nada, alias, até pagava, para acabarem com os blogs.

Blogs são uma merda ; toda a gente pensa que é poeta, jornalista, escritor e que tem um misto de Saramago com Herman José dentro de si.

Tirando 3 excepções que cada vez tão pior, não conheço um unico blog de jeito. São todos uma merda : piadas faceis, piadas repetidas, posts sem a puta do minimo do interesse ...

Pior mesmo só aqueles blogs de poesia com posts interminaveis como :

.. agua
... frio..
... calor ao fim
.. fim do principio
.. principio do começo
.. nuvem do sol
... sol da lua
.. amo-te

E toma la um poema. Faz mais destes, uns 30 e toma um blog alternativo. Fodasse.

As tres excepções eram :

: o meu pipi. Mas desde q o livro saiu, o cabrão parou de escrever. Era dos poucos que me fazia rir regularmente
: gato fedorento : era engraçado, mas desde q começaram na sic radical o blog ta estupidamente pior
: de um amigo meu, com piadas mininmanete engraçadas mas...

tal como todos os outros blogs, não me interessa saber se ele hoje acabou ca namorada, se experimentou um novo supositório anal com estrias , se está com problemas existenciais ou não..

As minhas irmãs sempre tiverem diarios e nunca lhes toquei para que caralho quero saber a vida de um gaijo ou gaija que não conheço ( e provavelmente nao quero conher ) e que se acha cheio de interesse e piada.

Pena, é mesmo muita pena, que não se vá proibir os blogs”

De modo a preservar a “identidade” da autor de tão eloquentes afirmações, vou abster-me de mencionar o nick debaixo do qual foi assinado este post. Não é que isso fosse relevante, uma vez que, pelos vistos, o indivíduo em questão não perde tempo a ler blogs, pelo que ele nunca irá ler o que estou aqui a escrever.

Para prevenir qualquer hipótese de ser acusado de ter deturpado as afirmações dele, ou de as ter transcrito fora do contexto em que as mesmas estavam inseridas, esclareço que a transcrição anterior é 100% fiel ao original. Acreditem que não foi fácil resistir à tentação de aplicar o belo corrector ortográfico.

É óbvio que vivemos num estado democrático em que a liberdade de expressão e o direito de opinião são dados adquiridos. As pessoas são livres de expressarem as suas opiniões. Podemos não concordar com elas, mas devemos respeitá-las.

Gostava só de fazer um comentário pessoal a alguns dos pontos referidos por este indivíduo. Se ele opina, eu também o posso fazer. Certo? Certo!

Não penso, nem nunca pensei, ser poeta, jornalista ou escritor. Formei-me em Engenharia Civil, é essa a minha área de actividade e é assim que pretendo continuar.

Dentro de mim não pode, de maneira alguma, existir um misto de José Saramago com Herman José. Reconheço os méritos dessas duas figuras da sociedade Portuguesa, respeito o seu trabalho, mas não aprecio qualquer um deles. Há muito que deixei de achar piada ao Herman (que saudades do Tal Canal) e nunca fui apreciador dos escritos do Saramago. Não fazem o meu género.

(Pausa para uma piadinha fácil. Misto, dentro de mim, só se for o resultado duma tosta mista ou da sandes mista que comi hoje ao pequeno almoço.)

Não concordo que os blogs sejam todos o equivalente aos restos resultantes do processo digestivo do organismo humano, depositados no intestino grosso para posteriormente serem expelidos para o exterior.

Há blogs para todos os gostos. Há os que são diários pessoais, os que são de poesia, os que são de comédia. Há blogs individuais e blogs escritos em grupo. Há blogs com textos extensos e outros com textos de 2 ou 3 linhas.

Cada um opta por ler este ou aquele blog, consoante as suas preferências. É tão simples quanto isto: só lê quem quer! Quem não gostar, pois bem, que arrume na beirinha do prato.

Para terminar, já que este indivíduo manifesta a disposição de pagar para acabar com os blogs, deixo-lhe uma sugestão. O meu blog tem um endereço de correio electrónico disponível para recepção de sugestões, críticas e afins. Faça o obséquio de me enviar uma pequena missiva e quantifique o valor que está disposto a despender para o encerramento deste espaço. Pode ser que mereça a minha atenção. Ou então não.

É mesmo muita pena que certas pessoas não se abstenham de dizer asneiras.

e dei-a

11 maio 2004

quantidade vs qualidade

Mais de uma semana sem publicar nada. Eu devia ter vergonha... mas não tenho.

Porque será? Será por falta de assuntos? Será por preguiça? Será por outra justificação, mais ou menos plausível, que agora não se me ocorre? Nem eu sei bem, mas posso garantir que não tem nada a ver com o guaraná.

Ainda bem que não sou cronista ou colunista. Já viram o que seria se tivesse prazos para cumprir com a publicação dos meus textos? Bem que estava lixado. Uma das coisas que sempre disse é que este blog não ia ser diário.

Não deixa de ser verdade que, eu próprio, contava por esta altura ter mais do que uns míseros 18 posts, isto se contabilizar o de hoje. Acreditem que poderia ter o dobro, ou até mesmo o triplo, dos textos publicados, mas se não o faço é porque me preocupo com vocês.

Quero preservar a vossa sanidade mental e daí, embora com muita pena minha, tenho-me abstido de publicar uma linha que seja dedicada aos meus traumas, às minhas psicoses depressivas, aos meus medos, às minhas inseguranças, em suma, ao meu lado mais obscuro.

Claro que posso sempre argumentar que não importa a quantidade dos textos publicados, mas sim à qualidade dos mesmos. Mas será que, nos tempos que correm, isso ainda consegue convencer alguém?

Na sociedade moderna, o tamanho conta muito. Não acreditam? Acham que estou enganado? Provavelmente até estou, mas posso apresentar alguns exemplos de como, em situações distintas, as pessoas vão atrás do tamanho.

Quem tem por hábito fazer compras em hipermercados, com certeza já reparou que, em algumas categorias de produtos, existem sempre as embalagens familiares. Cereais e detergentes, entre outros, são alguns dos artigos possuídos por essa onda de “crescimento familiar das embalagens”.

Um facto curioso, e que já verifiquei pessoalmente é que, na maior parte dos casos, essas embalagens são mais caras do que a soma de duas embalagens mais pequenas. No entanto a atracção pela embalagem familiar leva a que esta seja a mais procurada.

Outro exemplo que já várias vezes assisti ou ouvi comentar, prende-se com um dos bifes mais conhecidos das ementas gastronómicas dos estabelecimentos de restauração: o bife da Portugália. Quantas vezes não fui já eu confrontado com afirmações do género “que bife tão pequeno”. Ainda antes de se pronunciarem acerca da qualidade da talhada de carne, já estão a manifestar-se sobre a dimensão da mesma.

(Abro aqui um parêntesis para informar que, pessoalmente, não sou apreciador dos bifes da Portugália. A relação preço/qualidade dos mesmos deixa muito a desejar.)

A questão da quantidade não passa, exclusivamente, pelo tamanho ou pelas dimensões deste ou daquele artigo. Repare-se agora nos telemóveis. Aqui a questão da quantidade passa pelo número de funções que o modelo Turbo16V da marca xpto tem, ou deixa de ter.

Elas são os MMS, as câmaras para tirar fotos e fazer filmes a torto e a direito, os jogos java para desafiar online um parceiro qualquer, os toques polifónicos, os ecrãs policromáticos com não sei quantos biliões de cores e mais uma infinidade de funções que, na grande maioria, nunca são utilizadas.
No meio de tanta coisa, as pessoas quase que se esquecem da principal função desses aparelhos: fazer e receber chamadas telefónicas. Mas entre um telemóvel dos simples e um dos “especiais de corrida” é ou não verdade que os preferidos do público são os primeiros?

Aquilo que digo, e não o digo apenas agora, é que os produtos de melhor qualidade nem sempre são apresentados nas maiores ou nas mais atractivas embalagens. Eu ainda sou dos que acreditam, não totalmente mas pelo menos parcialmente, naquela velha máxima que diz não é o tamanho que importa, mas sim o que se faz com ele.

Será que digo isto porque sou baixo, gorducho e nada bonito?

e dei-a

03 maio 2004

publicidade na TV

Caso ainda não se tenham apercebido disso, já estamos em Maio. Não me parece que ainda não tenham dado conta de tal facto, mas, pelo sim pelo não, e cumprindo com uma das inúmeras funções deste espaço, achei por bem providenciar esta útil informação temporal.

Sábado solidarizei-me com toda aquela gente que comemorou a passagem de mais um “dia do trabalhador”. E que fiz eu? Basicamente, nada. Afinal de contas, feriado é feriado, pelo que o devemos respeitar enquanto tal.

Parte da minha tarde de sábado foi passada a ver televisão. Mais concretamente, estou-me a referir àqueles instantes compreendidos entre o final do almoço e a ida até Lisboa para beber café com os amigos. Feitas as contas, deve dar para aí cerca de uma hora.

Foi tempo mais do que suficiente para ver uma imensidão de anúncios. E é precisamente disso que vou baboseirar hoje, mas, e há sempre um “mas” nestas coisas, sendo a publicidade televisiva um tema com muito pano para mangas, vou só falar dos anúncios que me irritam.

Começo pelos anúncios de pensos higiénicos. Acho que até as mulheres devem achar esses anúncios deprimentes e insultuosos. Será que o público alvo desses malfadados anúncios sejam mulheres com graves deficiências cognitivas? Confesso que fico escandalizado com a dimensão que a estupidez desses anúncios atinge.

Numa coisa existe coerência: são todos muito maus. É impossível dizer qual deles o pior, mas há um que se destaca. Estou a falar daquele que pergunta “O que há dentro da mala de Natalia Verbeke?”. É mau, e deixa uma pergunta no ar: mas afinal, quem é essa gaja?

Mulheres, revoltai-vos. Terem o período já é martírio mais do que suficiente.

Outros anúncios que me irritam profundamente são aqueles que anunciam a festa “Olá love 2 dance in the sky”. Não consigo explicar porquê, mas a música desse anúncio dá-me cabo dos nervos.

E quando eu pensava que me tinha visto livre desses anúncios, uma vez que a dita festa ocorreu este fim de semana, eis que os publicitários da Olá resolvem não me dar sossego. É que o anúncio respeitante ao novo Magnum “não sei das quantas” tem como trecho sonoro a mesma musiquinha vomitante. Argh!

Depois temos a categoria dos anúncios que, não sendo irritantes pelo seu conteúdo ou pela sua banda sonora, são irritantes porque, pura e simplesmente, estão mal feitos.

Não vou falar nos anúncios de detergentes. Aqueles em que, vindo do nada, aparece um tipo qualquer que agarra na dona de casa e a transporta para o interior das peças de roupa, mostrando o poder de limpeza do detergente. Esse assunto já foi abordado por outros, mais dotados do que eu, pelo que nada de novo eu teria a acrescentar.

E que tal os anúncios dos créditos à habitação? Para além de referirem sempre umas taxas de juro fabulosas, mas que nunca correspondem às reais, mostram sempre como pano de fundo casas que nunca, em caso algum, o comum dos mortais pode aspirar!

Outro exemplo de calinada publicitária pode ser encontrado no anúncio a um iogurte líquido, de fruta com cereais. Basicamente trata-se de um grupo de 4 radicais que andam a passear de moto 4, quando resolvem fazer uma pausa para descanso num celeiro que, por mero acaso, lhes surge no caminho. Entrados no celeiro, eis que, para espanto geral, lhes surge um belo frigorífico cheio desses iogurtes. Bastante credível, não acham?

Até mesmo em anúncios mais recentes é possível encontrar calinadas irritantes. O maior operador de rede móvel nacional, aquele das três letrinhas apenas, anda a anunciar os serviços para os telemóveis da 3.ª geração.

Num desses anúncios, o cenário é a esplanada de um café em que numa mesa está uma pacata velhinha a beber o seu chá e na mesa em frente está uma senhora a olhar para o telemóvel e a dizer coisas como “tira as calças”, “agora tira as cuecas”, “mostra-me o rabinho”, “agora a pilinha”, “tão grande!”.

Nesta altura, já a idosa está com o ar mais chocado deste mundo, semelhante ao ar de quem acabou de ver um anúncio de pensos higiénico, quando a senhora lhe diz “estou a falar com o meu marido”.

Depois lá se percebe que a senhora está efectivamente a falar com o marido, enquanto este muda a fralda ao seu rebento. Mas será que era mesmo isto? É precisamente aqui que reside a calinada. Acham normal que a um bebé de fraldas se vistam cuecas? Então o “tira as cuecas” era para quem? Se fosse para o miúdo não deveria ter ela dito “tira-lhe as cuecas”?

Cá para mim o bebé era só o alibi. No fundo, o que realmente estava a acontecer mais não era do que um momento de voyeurismo entre um casal que não podia esperar até chegarem a casa!

Mesmo que não fosse isto que se estivesse a passar, e realmente ela estivesse a referir-se à criança, a calinada das cuecas permanece imaculada.

Se há coisa que já não aguento ver em anúncios de televisão, é o Figo. Nada tenho contra ele, mas estou tão farto de o ver em tudo quanto é publicidade que isso já me irrita.

Ora temos o Figo em pose de estátua a balbuciar que esta é a nossa bandeira, isto num tom de voz que, enfim, faz-me lembrar um cruzamento entre o Prof. José Hermano Saraiva e o Eng.º Sousa Veloso, ora temos o Figo a dar baile ao Ronaldo e aos amigos dele em pleno túnel de acesso ao estádio, ora temos o Figo mais o Scolari a falar dum banco que é de confiança, ora temos o figo a cortar a barba e a cantarolar um refrão digno de uma música concorrente a um festival da canção

Chega. O que é demais é exagero. Depois admiram-se que o bacano já nem os pénaltis saiba marcar. Dêem lá descanso ao bacano, que assim também me dão descanso a mim.

Só falta mesmo ver o Figo a fazer anúncios a pensos higiénicos!

e dei-a

This page is powered by Blogger. Isn't yours?